Verão de São Martinho

Dia 11/11
Local: Porto, Plano B
Inca Ore, Tiny Vipers, Norberto Lobo e Grouper

Inca Ore foi a primeira a subir ao palco de um Plano B ainda não muito composto. A californiana trouxe na bagagem o seu mais recente trabalho Silver Sea Surfer School e os cerca de 30 minutos de concerto passaram muito por este registo que resulta melhor nuns phones enquanto caminhamos pela rua do que em palco. As canções parecem ainda pouco trabalhadas para o formato concerto, crescem sempre à base de loops simples e de uma voz que nem sempre encaixou na perfeição, foi um início morno, mas bem mais monótono do que morno.

Jesy Fortino ou Tiny Vipers foi a menina que se seguiu. A menina de Seattle que tem já dois discos editados na Subpop tocou principalmente canções do mais recente Life on Earth. Se houve ternura no Verão de São Martinho foi quando Jesy Fortino subiu ao palco com a sua guitarra. A forma é simples...guitarra dedilhada, um acorde aqui e acolá e uma voz incrível, se em disco pode parecer, a espaços, apenas mais uma singer songwriter igual a tantas outras, ao vivo o caso muda de figura muito por culpa da carga sentimental que consegue transmitir a quem a vê e ouve.

Já com o local mais composto chegou a vez de Norberto Lobo que a par de Grouper seriam certamente os nomes que as pessoas mais queriam ver e ouvir. Norberto Lobo foi igual a si mesmo, ou seja, genial, puro e a transpirar humildade a cada bater de palmas do público. Se há coisa que surpreende mais do que a cadência e a noção melódica com que toca é a intensidade e entrega com que o faz. Para além de Mudar de Bina, o lisboeta apresentou também composições do seu mais recente Pata Lenta. Foi à velocidade de Ayrton Senna que se despediu, o público queria mais, mas o próprio Norberto Lobo fez questão de dizer por detrás de alguma timidez “não dá, Grouper vem a seguir e é bom!”.

Norberto Lobo não se enganou…Grouper deu um bom concerto, mas muito curto. A capacidade vocal de Grouper é realmente extraordinária, não será por acaso que se vai socorrendo de um qualquer chá de tempos a tempos. As canções do artista vivem muito do que a sua voz é capaz de fazer já que o resto é o acumular de camadas e camadas de sons que saem do enorme monte de k7`s que vai colocando nos leitores e obviamente das sequências sonoras que vai criando com a voz e com a guitarra. De bom gosto foram as imagens que surgiam nas costas de Grouper com a projecção de água e do efeito que a luz causa ao incidir nesta, dando aos olhos a imagem que o som já tinha criado nas nossas mentes. Durante os pouco mais de 30 minutos em que Grouper esteve em palco o público esteve ora sentado ora deitado como se estivesse numa espécie de culto de admiração…chegou ao fim e a desilusão caiu nos rostos das pessoas, ninguém tem duvidas de que foi bom, mas todos têm a certeza de que foi muito pouco tempo.

Chegava assim ao fim mais uma belíssima noite no Plano B, espaço que, e é bom de se dizer, tem tido e parece continuar a ter programações dignas de registo.


1 comments:

cpatrao disse...

:)

P'rá próxima vou contigo!